Por Álvaro Alencar Trindade
Aos meus amigos e leitores, desejo oferecer aqui algumas ideias e reflexões que me têm ajudado muito a compreender a vida e a realidade na qual estamos inseridos. Acredito que também a vocês podem ser de valia. Peço que as aceitem como um presente de Natal.
Ensinou o sábio Aristóteles que a mais nobre das atividades humanas é a Política, ou seja, a dedicação à Polis, à coletividade. O bem comum, que beneficia a sociedade como um todo, deve ser a principal meta do político, desde que tomemos a palavra político no seu bom sentido, e não no sentido pejorativo em que muitas vezes ela é tomada em nossos tempos. O bem comum não se contrapõe ao bem individual, desde que este seja entendido corretamente, na sua justa medida.
A procura do bem individual é, de si, boa e justa, pois é a única geradora das riquezas que beneficiam diretamente o próprio indivíduo e indiretamente o conjunto da sociedade. Mas se o desejo do bem individual, alimentado pelo egoísmo, se exacerba a ponto de desprezar e excluir o bem comum, ele se torna uma espécie de câncer letal. Que é o câncer, senão o crescimento desordenado de células de si boas? Isso é o que ocorria, por exemplo, na época da primeira Revolução Industrial, com o chamado capitalismo selvagem.
Também o desejo do bem comum é altamente louvável, mas não pode ser entendido de modo tão radical que se oponha ao bem individual, coarctando e impedindo o seu normal desenvolvimento. Quando isso acontece, o indivíduo perde o mais poderoso estímulo para trabalhar e produzir. O resultado é a estagnação da economia, a miséria generalizada e, por via de consequência, a perda das liberdades políticas. É o que vem acontecendo com tantos regimes de esquerda nos últimos 100 anos: visaram somente o coletivo e esqueceram o indivíduo e a pessoa humana; o resultado foi a opressão, a ditadura e a mais terrível miséria.
Do desequilíbrio e do desajuste entre o bem individual e o bem comum nascem muitos problemas. O surrado problema das confrontações direita X esquerda é um deles. Haverá uma posição equilibrada entre esses dois extremos? Será possível um sistema em que o indivíduo se sinta estimulado a trabalhar e produzir, de modo a crescer e melhorar suas condições de vida, mas sem perder de vista o bem comum, os desassistidos, os carentes,
aqueles que, afinal de contas, são seus irmãos?
Essa posição, penso que só numa perspectiva cristã pode ser plenamente alcançada. Somente ela permite que amor próprio e amor do próximo não se oponham irremediavelmente, mas se somem e se combinem. É por isso que me filiei ao Partido Solidariedade. Etimologicamente, solidadariedade vem do francês “solidarité”, palavra criada em meados do século XVIII para exprimir a solidez de uma sociedade bem constituída.
O conceito de palavra solidariedade contém as noções de bondade, de cooperação e de compreensão de que, por mais que os interesses individuais se oponham, sempre se deve procurar uma solução não conflitiva, mas solidária, nascida não só da noção compartilhada de fraternidade, mas também da compreensão da interdependência: ricos e pobres, patrões e empregados, todos, absolutamente todos dependem uns dos outros. É assim que a sociedade, no seu conjunto, se fortalece, unida e solidária.
Solidariedade foi o nome de um sindicato de operários da Polônia que na década de 1970 se opôs de modo pacífico, mas eficiente, ao regime comunista e conseguiu recuperar a liberdade e a economia de seu país. O cardeal Karol Woytila, depois Papa João Paulo II, foi apoiador desse movimento sindical, que tinha como dirigente Lech Walesa, mais tarde eleito presidente da República Polonesa e Prêmio Nobel da Paz.
Lemos, no site do Partido Solidariedade ao qual me filio: “Nosso partido nasceu com o objetivo de combater desigualdades e ajudar aqueles que mais precisam. Fazemos política baseada no diálogo, buscando uma parceria de compromisso que favoreça o bem comum.”
Nosso partido tem como objetivo “combater desigualdades”, sim, mas isso não significa que combata toda e qualquer desigualdade. Ele combate somente as desigualdades injustas, excessivas e contrárias ao bem comum, porém não combate as desigualdades proporcionadas e justas, que não somente são inevitáveis, como também são desejáveis, já que constituem estímulos à produtividade e geração de riquezas.
Nosso partido tem como objetivo “ajudar aqueles que mais precisam”, porque constituem a parcela mais desprotegida da sociedade. Essa ajuda é geralmente entendida de modo laico, mas ela também pode, e a meu ver deve ser também entendida cristãmente no espírito evangélico do amor ao próximo ensinado e pregado por Jesus Cristo.
Por fim, o Partido Solidariedade faz sua “política baseada no diálogo”, procurando “uma parceria de compromisso que favoreça o bem comum”. Não é o conflito, a luta de classes, as divisões e entrechoques o que desejamos, mas a concórdia, a colaboração e o amor de todos, por maiores que sejam as diversidades.
Nesse sentido, Solidariedade é um partido de centro, não no sentido de quem “fica em cima do muro” e não toma posição definida. Mas é um partido de centro no bom sentido, porque procura sinceramente o equilíbrio entre o bem individual e o coletivo, sedimentado no amor e na colaboração.
Estas são as reflexões e propostas que desejo apresentar, como presente de Natal, aos meus queridos amigos de Caraguatatuba. Um feliz Natal e um ótimo 2024 para todos!
Álvaro Alencar Trindade é advogado e empresário em Caraguatatuba. E-mail de contato: alvaroalencartrindade@gmail.com