O mês de julho marca o início da temporada de ocorrência de pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) no litoral norte de São Paulo. A espécie, originária da Patagônia, costuma aparecer na região entre os meses de junho e setembro, em sua rota migratória anual em busca de alimento e águas mais quentes. Este ano, os primeiros registros foram realizados nestes últimos dias pelas equipes de campo do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado pelo Instituto Argonauta na região.
Nos últimos três dias, foram contabilizados 47 pinguins juvenis encalhados nos municípios de Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela. Desses, quatro estavam vivos e foram encaminhados para atendimento veterinário e reabilitação na Unidade de Estabilização de São Sebastião e no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Ubatuba (CRD). Os 43 animais encontrados mortos foram recolhidos e enviados para avaliação com o objetivo de investigar a causa do óbito.
Segundo o oceanógrafo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta e diretor do Aquário de Ubatuba, a ocorrência de pinguins no litoral sudeste é um fenômeno natural, porém requer atenção especializada. “A temporada de pinguins é um momento importante para reforçarmos o cuidado com a fauna marinha. Quando um animal aparece na praia, é fundamental que ele não seja manipulado pela população. Acione as equipes técnicas que saberão como proceder. O Instituto Argonauta, por meio do PMP- BS, está atento e preparado para dar o suporte necessário.”
De acordo com Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do PMP-BS no trecho 10 pelo Instituto Argonauta, o monitoramento contínuo da zona costeira é essencial para garantir uma resposta rápida e eficiente aos encalhes. “A presença de juvenis debilitados é esperada neste período de migração, e o trabalho das equipes em campo permite
identificar rapidamente os casos e direcionar o atendimento adequado. Além disso, o apoio da população ao acionar os canais corretos é crucial para o sucesso das ações de manejo.”
O PMP-BS realiza o monitoramento diário da costa do Litoral paulista, com foco na documentação e atendimento de animais marinhos vivos ou mortos, como aves, tartarugas e mamíferos.
As orientações ao público ao avistar um pinguim ou qualquer outro animal marinho encalhado são: acione imediatamente as equipes técnicas responsáveis pelo atendimento; não tente manipulá-lo ou devolvê-lo ao mar; mantenha distância e evite aglomerações. É importante reforçar que não se deve retirar o animal da água, colocá-lo em recipientes com gelo ou tentar oferecer alimentos. Tais ações podem causar ainda
mais estresse ou agravar o estado de saúde do animal. Os procedimentos necessários serão realizados pelas equipes especializadas, que possuem treinamento e estrutura para realizar o manejo adequado.
Serviço
Ao ver um animal marinho debilitado, ligue 0800-642-3341.
Os pinguins-de-Magalhães
O pinguim-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) é classificado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como Least Concern (LC) – pouco preocupante, apesar da taxa populacional estar diminuindo. Entre os principais fatores de risco estão a poluição marinha, a sobrepesca e os efeitos das mudanças climáticas sobre suas rotas migratórias e áreas de alimentação. Em parceria com o Instituto Argonauta, o Aquário de Ubatuba recebe e mantém sob cuidados permanentes os indivíduos que, após o processo de reabilitação, não apresentam condições de serem reintroduzidos ao ambiente natural. Além de garantir bem-estar a esses animais, a iniciativa contribui para a conscientização do público sobre os desafios da conservação marinha.
O Aquário de Ubatuba desenvolve importantes ações de educação ambiental voltadas ao público. Uma das principais atividades é a alimentação interativa dos pinguins, que oferece às crianças a oportunidade de observar de perto esses animais, além de participar de palestra educativa sobre o modo de vida dos pinguins-de-Magalhães, as ameaças que enfrentam e os esforços para sua conservação. O Aquário também contribuiu com o filme “Meu Amigo Pinguim”, em parceria com o Projeto Argonauta, cedendo seus pinguins para atuarem nas filmagens. A produção conta a história real de
um pescador que desenvolveu uma amizade com um pinguim, apelidado de Dindin, que foi resgatado no litoral brasileiro pelo Instituto Argonauta.
Sobre o Instituto Argonauta
O Instituto Argonauta (@institutoargonauta) foi criado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba (@aquariodeubatubaoficial) e, em 2024, foi reconhecido como entidade de Utilidade Pública Municipal. Com a missão de promover a conservação do meio ambiente, com foco nos ecossistemas costeiros e marinhos, o Instituto atua no desenvolvimento e apoio a projetos de pesquisa, resgate e reabilitação de fauna marinha, educação ambiental e gestão de resíduos sólidos no ambiente marinho, entre outras iniciativas. Essas ações reforçam o compromisso do Instituto em preservar a biodiversidade e sensibilizar a sociedade para a importância da proteção dos oceanos.
Sobre o PMP-BS
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. O projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos dessas atividades sobre aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias, atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Argonauta é responsável pelo Trecho 10, que compreende o litoral entre São Sebastião e Ubatuba (SP).