A Ilha Anchieta, localizada em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, abriga ruínas que contam histórias, como as estruturas do antigo presídio de segurança máxima que funcionou ali e que foi palco de uma das mais sangrentas rebeliões de presos políticos da história do país, em 1952. Desde o início do ano, essas edificações passam por um importante processo de restauração conduzido pela Fundação Florestal, órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
São quase R$5 milhões de investimento num minucioso trabalho de contenção, conservação e restauro das ruínas do Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA). O edital da obra prevê a remoção de sujeira e trechos de massas; aplicação de impermeabilizantes; afixação de barras de aço para contenção; aplicação de resina epóxi onde indicado; preenchimento de vãos maiores com graute; aplicação de argamassa natural; tratamento de desplacamento; tratamentos anticorrosivos de aço; fixação de peças soltas; instalação de batentes; ancoragem de barras nas alvenarias; tratamento das madeiras com recomposições conforme metodologia indicada; reforma das plataformas dos pavilhões; recomposição dos pisos de lajota e de piso nivelado em concreto; restauro e recomposição dos ladrilhos hidráulicos dos ambientes cozinha e padaria e limpeza geral de todos os ambientes. A obra tem previsão de término em fevereiro de 2025.
“É um trabalho fundamental para a preservação desse patrimônio histórico tão importante e um primeiro passo para que o espaço possa receber cada vez mais visitantes de forma segura”, enfatiza o diretor da Fundação Florestal, Rodrigo Levkovicz.
Atualmente, a visitação às ruínas dos oito pavilhões do presídio está suspensa e deve ser retomada, de forma guiada, após a finalização da obra. A equipe conta com monitores totalmente preparados para explicar a parte histórica do local.
Sobre o PE Ilha Anchieta
Criado em 29 de março de 1977, o Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA) protege a segunda maior ilha do Litoral Norte de São Paulo. A área de 828 hectares é distribuída em 17 km de perímetro, praias de águas cristalinas, trilhas e mirantes que mesclam a exuberância da Mata Atlântica, costões rochosos e uma rica fauna silvestre (sabiás, juritis, macacos, tartarugas, garoupas, lagartos, quatis).
Desde a sua criação, o PEIA tem como objetivos a proteção e conservação dos ecossistemas naturais; o desenvolvimento de pesquisas científicas; a realização de atividades de educação ambiental e de recreação em contato com a natureza.
Localizada a 8 km do continente e a 213 km da capital, a Ilha Anchieta abrigou, na primeira metade do século 20, um presídio e instalações militares. Hoje, é um dos principais atrativos históricos e de ecoturismo do município de Ubatuba e do Litoral Norte de São Paulo.
São sete praias de águas cristalinas, cinco trilhas terrestres, uma trilha subaquática e quatro mirantes: a da Praia do Sul, que liga as praias do Sul e das Palmas, passando pelo Mirante da Biodiversidade; a do Saco Grande, que passa pelo ruínas e termina em uma área rochosa de frente para o oceano e as ilhas de Búzios e Vitória, no Parque Estadual de Ilhabela; a da Represa, com o Mirante do Passado e Presente, com vista panorâmica das ruínas e da Enseada das Palmas; e a Subaquática, com aquário natural, perfeita para observar o rico ecossistema marinho.
Com o objetivo de contribuir com a manutenção do ecossistema, é cobrada uma taxa ambiental, por pessoa: R$ 19 para brasileiros; R$ 28 para estrangeiros de países que fazem parte do Mercosul; e R$ 37 para demais estrangeiros. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site (www.
Acesso
O acesso ao PEIA se dá por meio de lanchas ou escunas, com um trajeto que pode variar de 15 a 45 minutos, de acordo com o tipo de embarcação, ponto de saída e condições climáticas e do mar.
Os principais pontos de saída dos passeios para a Ilha Anchieta são: Píer do Saco da Ribeira, praias do Perequê Mirim, Itaguá, Enseada e Lázaro.
Hotelaria
A Ilha Anchieta abriga um empreendimento hoteleiro que difunde boas práticas para preservar o rico ecossistema local, a cultura caiçara e gera emprego e renda para a população de Ubatuba e Caraguatatuba.
Desde 2023, o Green Haven funciona em regime de permissão de uso dentro da Unidade de Conservação, gerida pela Fundação Florestal. Para viabilizar o projeto, a empresa cumpre uma série de requisitos de preservação do meio ambiente e valorização da cultura local que devem ser cumpridos ao longo dos 10 anos da concessão.
Além de preservar todas as construções da primeira década do século 20 tombadas pelo Condephaat como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de São Paulo, não serão construídas novas estruturas.
Outro ponto é a sustentabilidade energética e tratamento de efluentes: toda a energia consumida é renovável e os resíduos de esgoto são tratados com processos naturais para devolver os resíduos ao ambiente em conformidade com rígidos padrões ambientais.
“Os investimentos no Parque Estadual Ilha Anchieta visam melhorar o atendimento, a satisfação e a experiência do público, resultando no aumento do número de visitantes”, explica o diretor da Fundação Florestal.
Inaugurado em setembro de 2023, o complexo Green Haven Ilha Anchieta abriga o Hostel Mata Atlântica, instalado em um imóvel construído nos anos 1900, em frente à Praia do Sapateiro, além de chalés, totalizando 70 leitos; lanchonete e restaurante; guarderia com aluguel de equipamentos náuticos e churrasqueiras para aluguel. Também possui fácil acesso a atrativos da ilha, como capela, centro de visitantes, as ruínas do presídio, trilhas e praias.
“O número de visitantes vem crescendo a cada ano. De janeiro a junho deste ano, já somamos mais de 61,8 mil, ultrapassando os mais de 61,7 mil visitantes recebidos durante o ano de 2023”, completa Rodrigo.
A empresa vencedora do edital de permissão de uso tem no seu portfólio o Green Haven Ubatuba, vencedor de prêmios o Hoscars Awards 2023, como melhor hostel do mundo, e melhor hostel da América Latina em 2015 e 2020, também pela plataforma especializada Hostelworld.