A “democracia racial” é, definitivamente, um conceito que não pode ser percebido no Brasil. Afinal, quando a existência do racismo estrutural é reconhecida, fica evidente o quão incorreto é afirmar que a sociedade é construída de forma igualitária – onde todos possuem as mesmas oportunidades, independentemente da cor.
A segregação racial, assim como o preconceito, surge por meio de um conjunto de hábitos, práticas e situações problemáticas disseminadas há anos na sociedade brasileira. Mesmo que existam leis que garantam, teoricamente, a equidade entre as pessoas, a realidade do cenário atual do país é outra; tendo seu caráter segregativo explícito, inclusive, no Congresso, composto quase inteiramente por parlamentares brancos.
Vale ressaltar também que o problema da discriminação afeta igualmente o setor educacional. De acordo com uma pesquisa feita pelo Fundo de População das Nações Unidas em 2017, 22.2% da população branca têm 12 ou mais anos de estudo, enquanto a taxa é de apenas 9,4% para a população negra; fato que torna-se compreensível ao reconhecer que, historicamente, negros não tinham acesso a, por exemplo, universidades – consideradas, por muito tempo, como exclusivas a uma elite branca.
Logo, é possível concluir que a segregação, mesmo nos dias atuais, deixa marcas visíveis no Brasil, contribuindo para a exclusão social e falta de acesso à escolaridade daqueles não privilegiados pelo sistema. O racismo estrutural -diferentemente da democracia racial- existe, e reconhecê-lo é o primeira passo para combatê-lo.