A quantidade de lixo produzido atualmente pela sociedade brasileira é alarmante. Muitos indivíduos, ao serem impulsionados pelo consumismo, acabam contribuindo – mesmo que inconscientemente – para a ocorrência de severos problemas ambientais. Tais consequências podem ser, inclusive, encontradas em “Ilha das Flores”, um curta-metragem brasileiro – dirigido por Jorge Furtado – que, apesar de ter sido produzido em 1989, demonstra como o consumo baseado nos moldes do sistema capitalista ainda hoje gera um consumismo exagerado, não só promovendo a desigualdade social mas como também explicitando a precariedade do sistema de tratamento de lixo no Brasil.
Em primeiro plano, é de suma importância destacar o quão desigual é a forma de descarte de resíduos sólidos no país. Como afirmou Jonas Okawara, um dos responsáveis pelo estabelecimento do Índice de Sustentabilidade Urbana, os municípios menores tendem a ter mais dificuldade em adquirir a infraestrutura e o financiamento necessários para resolver a complexa questão de logística envolvida no lixo — o que interfere diretamente na qualidade de vida da população e atribui uma concepção ainda mais crítica ao cenário brasileiro.
Convém mencionar também que, se a situação já não era promissora, ficou ainda pior a partir de 2020, quando a COVID-19 alastrou-se pelo Brasil e fez com que fosse necessária a adoção do uso de máscaras como medida de prevenção. Além do isolamento social ter feito com que a produção de lixo aumentasse consideravelmente – uma vez que produtos “efêmeros” tornaram-se mais atrativos –, o descarte incorreto de máscaras tornou-se, da mesma forma, um grande risco para o meio ambiente; principalmente levando em consideração que o TNT (tecido bastante utilizado) demora mais de 400 anos para decompor-se na natureza.
Logo, tendo em vista a dificuldade de gerenciamento dos resíduos em diversas áreas do país, percebe-se o quão necessário é que o Ministério das Cidades – responsável pelo Plano Nacional de Saneamento Básico – adote medidas que visem facilitar a gestão do ciclo do lixo, disponibilizando uma coleta mais eficiente, segura e que priorize a sustentabilidade. Contudo, vale ainda ressaltar como a conscientização da população por meio das redes midiáticas é igualmente imprescindível, pois, a partir do momento em que um indivíduo é capaz de reavaliar seus hábitos de consumo, ele contribui para a construção de uma sociedade mais responsável, ecológica e menos consumista – mesmo em tempos de crise.