Os colonizadores chegaram pelo mar, então as primeiras cidades foram organizadas à beira mar. Na época seguíamos as normas da Colônia Portuguesa.
São Sebastião/SP, foi fundada em 1636, mas os registros nos mostram que a Vila já existia pelo menos 30 anos antes disso.
Quando descreviam as cidades, nos documentos enviados para Portugal, ele não falavam: “em São Sebastião existem 398 casas…” ele falavam existem 398 fogos, uma alusão ao fogão a lenha que cada casa tinha.
Nessa época começaram os primeiros Engenhos de Cana de Açucar e as Armações de Baleias. A Armação de Baleia tinha uma estrutura sofisticada para a época: armazém, tanques, tachos e outros utencílios onde se recolhiam os enormes animais, e em caldeiras tocadas por mão de obra escrava, aproveitavam seu óleo, sua carne, suas barbatanas, e até mesmo suas vétebras que eram usadas como bancos. Chegavam a matar até 59 baleias, que passavam por aqui na época de procriar. Neste ano de 2021 segundo o Projeto Baleia à Vista foram avistadas por aqui 125 baleias.
Os Engenhos exigiam uma mobilização ainda maior, pois todo trabalho era feito por muita mão de obra escrava e tração animal. O terreno tinha que ser capinado, a cana plantada, depois esperar de 17 a 18 meses para começar a produção. Em 1801 a Vila de São Sebastião tinha 37 Engenhos de Cana de Açucar.
O trabalho começava com o corte da cana, depois elas seguiam para a moenda, e dali para calderões de cobre, que ficavam cozinhando a garapa. Quando virava o melaço ela era colocada em potes de barro para secar, e só aí depois que esse tijolos estavam secos, o açúcar era quebrado e seguia para a produção final, quando encaixotavam para ser exportado. A Vila de São Sebastião chegou a produzir em 1799, mais de 39.800 arrobas de açúcar.
Esse trabalho nas fornalhas e nas caldeiras, em baixo de alta temperatura era torturante, o fogo chegava a ficar 8 meses sem apagar, aconteciam muitos acidentes durante a moagem e essa preparação para transformar o caldo de cana em açúcar.
Os engenhos funcionavam como uma “indútria antiga”, que transfromava o produto primário em açúcar e aguardente. Haviam os carpinteiros, pois muitas peças eram feitas de madeira, as cozinheiras que faziam a comida, os que administravam o trabalho dos escravos, tudo dependia de uma grande mobilização e organização para dar resultados.
A vantagem era que os navios entravam no canal entre São Sebastião e Ilhabela, para comprar diretamento do produtor. Eram produzidas ainda uma infinidade de coisas, em quantidades menores, inclusive café, que tinham mercado certo, tanto para outras regiões do Brasil, como para o exterior.
Nessa época, as primeiras fazendas e engenhos começaram a produzir no interior do estado onde a área de plantio era muito maior que aqui, com isso elas foram ganhando o mercado. Logo depois a Bahia e Pernambuco, já se consolidaram como maiores produtoras de açúcar no Brasil.
Em 1804 houve a restrição ao livre comércio, e toda a produção tinha que ser encaminhada para o Porto de Santos, isso foi o que realmente desarticulou esta região. Os custos para levar a produção até o porto de Santos desanimou os donos de engenhos. Eles então passaram a produzir em menor escala.
Logo depois foram construídas as estradas de ferro até o porto de Santos, escoando melhor ainda a produção do interior do estado.
E o Litoral Norte viveu um período de decadência, que só se recuperou a partir de 1961 com a chegada da Petrobrás, da abertura da SP 55 para Santos e a reconstrução da Rodovia Tamoios depois da tromba d’água de Caraguatatuba, quando finalmente começou a ocupação turística na região.
Ilhabela transformou-se então num dos mais importantes destinos turíticos do Brasil e o aguardente produzido aqui ficou famoso. Em 2015 a Prefeitura Municipal de Ilhabela desapropriou a Fazenda Engenho D’Água que está aberta para visitas, uma viagem ao nosso passado!