Por Adriano Faleiros.
Quanto às tristezas,
não basta enterrá-las,
esconder com pressa,
senão elas renascem.
Precisamos encará-las
absorvê-las sem medo,
dissolvê-las por dentro,
separar os seus átomos.
Enterradas, viram sementes
plantadas com suas raízes.
Dissolvidas, serão adubos
ferlilizando outras mudas,
novas plantas de sol e luz,
adaptadas a dias escuros,
se retornarem, já teremos
flores resilientes às dores,
a beleza das cores vivas
no poema brotando feliz!
Por Felipe H. Riela.
Para o florescer d’alma
Deixar com que os problemas
Escorram nas águas da cachoeira.
Fazer da trilha na mata um caminho aberto
Para a jornada que é só sua.
Internalizar a beleza do céu
E reconhecer a floresta do peito.
Dançar sob a luz das estrelas
Os ensinamentos que a alma sussurra.
Como quem desenha o próprio destino…
Há de ter sempre novas aventuras!
Por Maura Mei.
Esta Tarde
Morri um pouco no fim desta tarde.
Quando as promessas escritas na janela escaparam pela fresta
e o café esfriou à mesa
à espera de quem não se sentou.
Morri no silêncio da pergunta não respondida,
no olhar culpado e solitário, na dor sorvida.
Morri na frieza do aceno que não veio,
no vazio dos lençóis ainda feitos,
na imagem irrefletida do espelho.
Morri no sufocar das paredes,
nos passos que deixaram o assoalho,
na varanda sem ninguém.
Morri quando, ao olhar a rua,
à sua espera, percebi: não vem.
Morri um pouco esta tarde,
de luto,
de tristeza,
de saudade.