Estou lendo o livro da radialista e jornalista Fernanda Veiga que vocês, meus amigos leitores, também podem e devem ler. “Anota, vai que esquece?”, é o nome do livro publicado pela Editora Aljava, em 2020, que relata a experiência da vida de uma profissional que se viu acometida pela Síndrome de Burnout.
Para quem não sabe, Burnout (pronuncia-se barnaut) é uma palavra de origem inglesa que significa “queimar para fora”. A síndrome é silenciosa e vai se estabelecendo progressivamente na vida da pessoa, que dela não se dá conta até que esteja completamente esgotado. Suas causas, em regra, são o excesso de trabalho para atender ao assédio moral dos chefes que impõe metas abusivas ou inalcançáveis ou imposto a si mesmo ou ligado ao meio ambiente de trabalho.
A dificuldade de concentração; de tomada de decisões; a incapacidade ao realizar tarefas anteriormente consideradas simples e fáceis; organizar o tempo; lidar com demandas e não ser capaz de debater ideias, manter ou terminar a análise de um assunto, além de até mesmo perder a capacidade de ouvir o que outros têm a dizer, são alguns dos sintomas da doença, não raro confundida com o simples esgotamento profissional pelo excesso de trabalho nas ditas condições.
Nas mulheres, o Burnout é facilmente diagnosticado, porque elas têm mais facilidade de exteriorizar os sentimentos através das crises de choro, às vezes excessivas, emoções extremas como, por exemplo, as crises de raiva ou de desespero, dores de cabeça crônicas, desconforto intestinal, lapsos temporais e até o “apagão”.
Segundo Veiga nos assegura na experiência relatada, paralelamente, há uma espécie de autoabandono dos cuidados pessoais (daquela saudável vaidade feminina) e uma vontade quase invencível de sumir do ambiente de trabalho, familiar ou “sumir de si mesma”.
Já o homem que é vítima de assédio moral, tem a tendência de se calar e reprimir os sentimentos e, quase sempre pensa, em se suicidar, enquanto em 20% destes casos há tentativas de tirar a própria vida.
Como eu disse, quase sempre, a doença está diretamente ligada ao assédio moral de chefes, parceiros ou colegas de trabalho ou ainda quando o ambiente de trabalho é agressivo para o trabalhador.
É uma doença mortal. Acometido por ela, por mais que descanse nos finais de semana, a pessoa vai sentir o mesmo cansaço na segunda-feira, inicialmente parecido com uma simples preguiça, progredindo para o esgotamento.
Justamente por isso, é que a Síndrome de Burnout, que até dezembro de 2021, era considerada pelo Ministério do Trabalho como uma doença mental, psicológica e sem classificação oficial no Código Internacional de Doenças, foi reconhecida e passou a ser catalogada como uma doença do trabalho, com status legal de acidente de trabalho, aplicando-se, no caso, a legislação infortunística.
Assim, em boa hora o “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso” (CID-1 – QD-85) passou a ser considerado acidente do trabalho, dando direito ao benefício previdenciário correspondente e até mesmo à aposentadoria por invalidez e à indenização por danos materiais e morais, entre outros e conforme o caso.
Portanto, desde dezembro de 2021 as empresas e os próprios empregados, devem atentar para a qualidade do ambiente de trabalho, protegendo de atitudes tóxicas, seja de chefes de departamentos ou repartições e até mesmo de colegas de labor que, até inadvertidamente, podem gerar situações estressantes.
A leitura do livro será um excelente lazer, recomendo, certo que você ainda aprenderá muitas outras situações do ambiente de trabalho que podem deflagrar a Síndrome de Burnout, como prevenir-se contra ela, como identificar alguns de seus principais sintomas e como agir caso suspeite ou apresente os sintomas, para garantir ajuda médica para tratamento e jurídica.
Este é um primeiro texto e espero que tenha gostado. Saiba que o tema é complexo e continuarei falando sobre isso na próxima coluna, pois, são muitos os aspectos que interessam às empresas e aos empregados. Até lá.