Por Maria José Moraes.
Durante muito tempo, o professor ocupou um lugar de enorme prestígio social. Sua palavra era respeitada, sua função reconhecida como essencial para a formação das pessoas e para o futuro da comunidade. Hoje, embora o papel do educador continue sendo vital, os desafios se multiplicaram: desvalorização da carreira, condições de trabalho precárias, violência no ambiente escolar e um sentimento de frustração que leva muitos a pensar em desistir. A profissão que deveria ser motivo de orgulho tem, em muitos casos, se transformado em motivo de desgaste.
Pesquisas recentes mostram esse retrato com clareza. Segundo a CNTE-CUT, quase 80% dos professores já pensaram em deixar a carreira. As razões passam pela sobrecarga de trabalho, salas superlotadas, infraestrutura insuficiente e até episódios de violência verbal e física dentro das escolas. A ausência de planos de carreira e salários compatíveis também afasta novos profissionais e ameaça um futuro em que poderemos ter um verdadeiro “apagão” de professores.
Mas ainda há caminhos. A valorização docente precisa se apoiar em três pilares: financiamento adequado para a educação, salários justos aliados a planos de carreira atrativos e formação contínua que estimule o crescimento pessoal e profissional. Além disso, é urgente promover um ambiente escolar mais seguro, onde o professor seja respeitado não apenas como transmissor de conhecimento, mas como guia, facilitador e presença essencial no desenvolvimento humano e social.
O professor do futuro já começa a nascer hoje: aquele que integra a tecnologia sem perder o vínculo humano, que acompanha os alunos em suas descobertas e que segue acreditando no poder transformador da educação. Para que esse futuro seja possível, precisamos resgatar o respeito, a confiança e a paixão pelo ensinar. Valorizar o professor não é apenas um ato de justiça, é um investimento em toda a sociedade.