Por Maria José Moraes.
A família é o primeiro espaço de pertencimento da criança, onde valores, respeito, afeto e cultura familiar são cultivados. A escola, por sua vez, amplia esse cuidado ao oferecer conhecimentos que favorecem o desenvolvimento integral e a inserção social. Quando família e escola se reconhecem como parceiras, o crescimento da criança se torna mais rico, equilibrado e pleno.
Esse diálogo, no entanto, nem sempre é simples. Muitas vezes, as expectativas se desencontram: enquanto a escola espera que a família cuide da base emocional para que a criança esteja disponível para aprender, a família espera que a escola a apoie no desafio de educar. Entre aproximações e ajustes, é natural que papéis se sobreponham e novas demandas surjam para ambos os lados.
Nos últimos tempos, essa relação ganhou contornos ainda mais delicados. Casos de desrespeito a profissionais da educação têm chamado atenção, a ponto de o Estado do Espírito Santo aprovar uma lei que responsabiliza os pais por atos de violência cometidos pelos filhos contra professores e demais trabalhadores da escola. A medida busca reforçar a importância do compromisso conjunto na formação da criança.
Talvez, como lembrou Eduardo Galeano, a utopia seja esse horizonte que nunca alcançamos, mas que nos convida a continuar caminhando. Resgatar a paixão dos professores pela escola e o respeito e confiança das famílias pela educação é um caminho possível e necessário. Mais do que dividir responsabilidades, precisamos somar forças — porque educar é, acima de tudo, uma tarefa coletiva.