Maria Angélica de Moura Miranda
Quando soube que o Circo Navegador contaria a sua história em livro, uma bela trajetória de vinte e cinco anos, tentei me lembrar do exato instante em que tive contato com esse trabalho. Não consegui, mesmo revirando a memória.
O lançamento dessa obra essencial ocorreu no dia da minha festa de aniversário e, por isso, fui a última a chegar. Voltei para casa com um verdadeiro tesouro, mais um para a minha coleção, que tanto me encanta. Os livros são também a nossa própria vida.
A apresentação do livro era belíssima: fotos em preto e branco, recortes de jornais, depoimentos – o resultado de uma verdadeira pesquisa se transformou no registro de um trabalho maravilhoso, concretizado por pessoas que, ao longo da minha jornada, aprendi a admirar pelo profissionalismo e capricho.
A leitura dessa obra me permitiu conhecer também a história da Andreia, que me era desconhecida. Nas conversas do dia a dia, tive mais contato com a trajetória de Luciano e Alejo, durante esses anos.
No passado, fiquei impressionada com a estrutura do Projeto “Pés no Chão”, em Ilhabela. Uma iniciativa cultural, que não dependia diretamente do poder público local. É muito bom saber que, desde o início, o Circo Navegador seguiu os mesmo passos, tornando-se uma iniciativa vitoriosa.
Desta forma, respira-se novos ares e a Cultura, distante do insosso gabinete oficial, é realizada de maneira intensa e verdadeira, nas suas mais diferentes formas. Quantos projetos vitoriosos pude acompanhar. Quantas visitas vieram nos ensinar. Quantas pessoas nos fizeram pensar e questionar. Quantos espetáculos maravilhosos encheram nossos olhos de brilho.
Enxergo, em cada ação do Projeto Circo Navegador, a sua função social, “suleada” pelas diretrizes estampadas neste belo livro: “divulgação de resultados e mobilização quanto à políticas públicas, atuação e programação plural e diversa, antirracista, fundamentada em proposição de inserção (inclusiva) socialmente politizada.”
Também, segundo o livro, esse espaço pequeno se agiganta diante da reflexão e do acolhimento que representa e – por que não? – dos sonhos das pessoas que o mantém de pé.
O Circo Navegador aportou na cidade onde eu nasci, no bairro onde passei quase toda a minha vida e embrenhou-se nas minhas lembranças mais antigas. A impressão que dá é a de que sempre esteve ali.