Siglas como “#ficaemcasa” estão em todas as mídias. Distancia-mento social tornou-se essencial para a saúde da população atualmente. Logo, agentes culturais tiveram que improvisar novas formas de trabalhar e de produzir Arte e Cultura no Litoral Norte, já que as apresentações foram suspensas ou adiadas sem data para retorno. Ao mesmo tempo, os espaços culturais precisaram adotar o fechamento como medida de combate à pandemia, e eventos foram adiados pelo mesmo motivo.
A partir do isolamento, surgiram editais recentes lançados pelas prefeituras de São Sebastião e Caraguatatuba, por exemplo, e de iniciativas privadas, como forma de compensar os enormes prejuízos do setor artístico-cultural. No entanto, é consenso entre os artistas que incentivar a Cultura vai além disso.
Boa parte dos artistas recorre às redes sociais para “passar o chapéu”, termo este que, no meio artístico, significa recolher contribuições voluntárias após uma apresentação. É só navegar pela internet para comprovar as iniciativas de artistas que, individual ou coletivamente, realizam “lives” ou publicações para arrecadar recursos e dar visibilidade à sua expressão artística.
Henrique Cardim, 39 anos, diretor artístico da “Cia O Castelo das Artes” de São Sebastião e do “Canal Caiçara” no youtube, teve sua rotina totalmente modificada. Apresentações em festas e eventos, ensaios, treinos, produções e espetáculos de rua e em teatros foram paradas e canceladas. Ele acredita que, “nesses tempos ficou ainda mais forte o papel que a arte desempenha na vida das pessoas. Imagina passar por essa pandemia sem arte. Ficar em sua casa sem livros, música, filmes, entre tantas outras manifestações artísticas”, refletiu. “Fico indignado e angustiado com a falta de investimento na Cultura em um período tão importante para o equilíbrio emocional de todos”, concluiu.
Sabrina Carvalho, 35 anos, multi artista, diretora e produtora da empresa “Brinda Produções Artísticas”, começou sua trajetória de forma amadora em Ilhabela. Mudou-se para São Paulo onde se profissionalizou e viveu de sua arte por mais de 15 anos. Precisou voltar para o arquipélago, sua cidade natal, pois a pandemia afetou sua carreira artística. Ela passou a fazer “lives” para divulgar sua arte e a arte de outros. “Como produtora passei a pedir contribuições para ajudar tanto os artistas, como a população indígena. Nas dificuldades temos que ajudar quem pudermos”, ressaltou Sabrina que tornou-se também massoterapeuta e terapeuta holística.
Artesã há mais de 20 anos em São Sebastião, Geny Palieri, 51 anos, contou que sua renda caiu 90% na pandemia, e que continua trabalhando conforme os protocolos de segurança. “As pessoas estão com medo, e essa atmosfera afeta a criatividade, até diminuí minha produção, mas sigo na luta”, encerrou otimista. Ela que vive somente do artesanato que produz, recebeu o Auxílio Emergencial do Governo Federal.