A liberdade de culto e de ex–pressão, ambos direitos assegurados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e pela Constituição Federal, são tópicos frequentemente ignorados e distorcidos pela sociedade, que acredita estar exercendo de forma correta seu poder de fala ao propagar comentários ignorantes e preconceituosos sobre as diferentes crenças e religiões, dando origem, assim, à intolerância religiosa, um grave crime de ódio.
O problema, infelizmente, é crescente no Brasil. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, o Disque 100 recebeu 506 denúncias pertinentes à intolerância religiosa em 2019, sendo a umbanda e o candomblé as religiões mais afetadas. Nas redes sociais, a situação é ainda mais preocupante, pois, devido à dificuldade existente em manter um controle sobre a identidade dos usuários na internet, muitos sentem-se encorajados a fazer publicações e comentários ofensivos, dificultando ainda mais o alcance da igualdade e justiça.
Vale ressaltar que a ignorância é um dos principais fatores que contribui para a ascensão da intolerância diante às crenças. Como afirmou Carlos Frederico Barbosa de Souza, professor de cultura religiosa na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, a falta de conhecimento sobre determinada crença favorece a discriminação; algo que acontece com o Islã, por exemplo, pois o pouco que se sabe sobre essa religião está relacionado ao terrorismo, algo impulsionado pelas reportagens, que, ao somente focar em atos extremistas, acabam desprezando uma história ampla e repleta de diversidade.
Assim, percebe-se a importância do reforço das leis que criminalizam a intolerância religiosa, assim como da ação preventiva da mídia em meio às redes sociais. Todavia, a principal medida que deveria ser tomada é a adoção do ensino religioso nas escolas, pois é vital adquirir, desde cedo, uma base de conhecimento sobre as diferentes formas de culto, destruindo, dessa forma, a ignorância e permitindo que, ao chegar na fase adulta, o indivíduo atue na sociedade como um cidadão respeitoso que dissemina o valor principal de todas as religiões e crenças: o amor