Quinta feira (27/01/22), uma médica é agredida a socos e pontapés por um casal, após solicitar exame de Covid-19 a uma paciente que exigia um atestado médico. Em entrevista, o marido da médica que testemunhou as agressões, informou que: “Insatisfeita por não receber o atestado, a paciente pegou a doutora pelos cabelos, a jogou no chão e começou a bater a cabeça dela contra a parede e o chão, além de dar socos”.
Madrugada de sexta feira (28/01) em São Sebastião/SP, uma briga por motivo banal entre um conhecido morador da Cidade e dois Policiais Militares, termina com um dos policiais sacando uma arma e disparando a queima roupa contra a cabeça do morador. Não bastasse a covardia do PM que realizou o disparo, seu amigo, outro Policial Militar, chuta a cabeça do rapaz alvejado e desacordado.
Terça feira (01/02) na Barra da Tijuca/RJ, o congolês Moise Kabamgabe é espancado até a morte por 3 homens em um quiosque de praia onde trabalhava. Kabamgabe foi covardemente assassinado por cobrar uma dívida referente a 3 dias de trabalho.
Casos aparentemente isolados, porem nitidamente conectados pela banalização da violência que vivenciamos hoje no Brasil, bem como pela certeza da impunidade, notadamente de crimes cometidos por agentes públicos, como Policiais Militares e por pessoas de alto poder aquisitivo.
Infelizmente, um hiato de bons exemplos e civilidade se faz presente hoje em nosso País. Lideranças políticas e até mesmo religiosas que deveriam agir e liderar de forma exemplar, combatendo o racismo, a xenofobia, o machismo e qualquer tipo de violência, agem de forma totalmente contrária e irresponsável fomentando cada vez mais o ódio e a segregação.
Sob a égide de discursos hipócritas sobre a família tradicional brasileira, os bons costumes, e de um “Deus rancoroso” acima de todos, essas lideranças contaminam milhares de pessoas com a cólera e validam atos de violência dentro de uma lógica bastante particular e perversa.
Diariamente as minorias são atacadas justamente por aqueles que por obrigação moral e até mesmo pela liturgia do cargo ocupado deveriam defendê-las; Vezes por piadas maldosas, oras por discursos insanos e descabidos, a semente da discórdia é plantada diariamente na cabeça de pessoas que sempre comungaram de forma velada com tais ideologias racistas, violentas e reacionárias, mas que hoje sentem-se amparadas e a vontade para explicitar tais pensamentos e praticar violência física e mental contra qualquer um que não compactue com seus preconceitos travestidos de opinião.
Enfim, até que este triste capítulo da nossa história termine, resta-nos manter a serenidade e a sanidade para que tenhamos o discernimento e anticorpos suficientes para não sermos contaminados por essa semente do mal.