LIXO ESPACIAL
Minha mãe Beatriz Puertas de Moura, era uma pessoa diferente em tudo, ajudava as pessoas, adorava conhecer gente nova, logo fazia uma poesia para a pessoa que tinha conhecido, uma sensibilidade à toda prova.
Um dia cheguei de São José dos Campos, onde eu morava e ela me falou:
– Vc vai hoje comigo no cartório, quero registrar um
documento!
Tudo bem, almoçamos e fomos para o cartório. Quando
chegamos lá ela tirou uma folha de papel manuscrita da bolsa e deu para o rapaz registrar. Na saída ela me falou, guarda para ler quando vc chegar em casa.
E foi isso que eu fiz, cheguei em casa e li o documento que transcrevo agora.
“Eu, Beatriz Puertas de Moura, funcionária do hospital local, na função de auxiliar de fiseoterapia, residente à av. Armando Salles de Oliveira nº 395, São Sebastião SP, fiquei muito preocupada quando vi pela televisão que estamos sujeitos em qualquer parte do Brasil a sermos atingidos por partes do laboratório espacial que está em órbita e teve avaria em seus controles.
Espero que seus destroços caiam no mar, como também está previsto sem atingir criaturas humanas. Eu vivo em minha casa com uma filha Débora de 16 anos, nos fins de semana chega outra filha Maria, de 21 anos, que trabalha e estuda na cidade de São José dos Campos. Tenho também mais dois filhos o Álvaro e a Nádia, que frequentam muito a minha casa, que também é deles.
Caso aconteça algo na minha casa eu quero receber R$…de indenização para pagar objetos como televisão, telefone etc. e R$ ….. de indenização por vidas humanas, mesmo sabendo que vidas humanas não tem preço.
Estou torcendo para que o laboratório espacial caia no mar para sossego de todos.
Beatriz Puertas de Moura.”
Para vocês entenderem melhor, quero lembrar que o homem tinha chegado na lua, 9 anos antes disso, as viagens espaciais era uma novidade ainda, e esse tipo de notícia ainda era visto como uma ameaça. Hoje em dia nem sou capaz de imaginar o lixo espacial que temos em órbita, mas fala a verdade a Beatriz Puertas era de outro mundo!