Paulista da divisa com Minas,
minha alma é de passarinho,
um tímido pássaro simples,
canto baixo pelos cantos,
desconfiado da civilização,
desiludido com os homens,
deixei a roça e o cerrado
calado, o mesmo silêncio
dos córregos e rios secos,
voei só por sol e muito pó,
atravessei cidades poluídas
com multidões em gaiolas.
Maior a solidão, mais asas
abri pra chegar à beira mar,
à mata densa da serra alta.
Um sopro limpo me comove,
leve e lírico menino da roça
ouvindo o mar nas encostas.