O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), assina nesta terça-feira, 21, a ordem de serviço para a retomada das obras do contorno da Rodovia dos Tamoios, entre Caraguatatuba e São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. A obra, que interliga a Rodovia dos Tamoios à Rio-Santos (SP-055), está parada desde 2018.
O governo promete abrir ao tráfego o novo sistema viário em novembro de 2023. A obra, com seis conjuntos de túneis e 46 obras de arte, entre pontes e viadutos, vai custar R$ 1,5 bilhão e será realizada pela Concessionária Tamoios, que já administra a rodovia. Prefeitos da região comemoram a retomada, mas ainda esperam ter acesso a detalhes do empreendimento.
O contorno terá 33,9 km de extensão e está dividido em dois trechos. O primeiro, entre Caraguatuba e Ubatuba, tem 80% das obras concluídas e deve ser entregue antes, até março de 2022. Os serviços incluem pavimentação e conclusão de viadutos. Terá de ser feita ainda a ligação do contorno com a Rodovia Rio-Santos (SP-055). Quando esse trecho estiver pronto, a duplicação do trecho de serra da Tamoios, obra iniciada há dez anos, também estará concluída. Assim será possível chegar a Caraguatatuba trafegando só em pista dupla.
O segundo trecho, entre Caraguatatuba e São Sebastião, é o mais complicado, pois exigirá a construção de viadutos e grandes túneis. A obra inclui uma ligação expressa com o Porto de São Sebastião. O prazo para a entrega é de 26 meses, após o início dos trabalhos, ou seja, a obra só ficará pronta no próximo governo estadual.
Conforme o secretário de Logística e Transportes do Estado, João Octaviano Machado Neto, com a conclusão total do Contorno Tamoios, os caminhões e carretas chegarão ao Porto de São Sebastião sem entrar no sistema viário municipal. “É uma obra de grande relevância, pois alivia o fluxo para os turistas que procuram a região de praias, principalmente na alta temporada, e aumenta a capacidade de carga para o Porto de São Sebastião, que só recebe cargas rodoviárias. Vai ter um grande impacto na capacidade operacional do porto”, disse.
Segundo ele, a obra havia sido paralisada no governo anterior (Márcio França, do PSB) por problemas técnicos e administrativos. Para a retomada foi necessário um levantamento técnico, econômico e jurídico, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), entidade especializada, ligada à Universidade de São Paulo (USP).
“Precisou ter um rearranjo e entendemos que a melhor solução seria a concessionária assumir, pois ela já é responsável pela administração da rodovia”, disse. A Concessionária Tamoios informou que inicia as obras ainda este mês.
O prefeito de Caraguatatuba, Aguilar Junior (MDB) lembrou que esteve recentemente no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, conversando com o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) sobre a necessidade da retomada. “A conclusão das obras do Contorno Tamoios é de extrema importância, um grande sonho e uma necessidade para o litoral norte como um todo”, comemorou. Segundo ele, a obra beneficia diretamente uma população de 250 mil pessoas em Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela.
Já o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB), disse que ainda falta o governo apresentar à prefeitura o plano de interligação da rodovia com o sistema viário municipal. “Ainda precisamos ver o projeto que faz a ligação entre o Contorno Sul e o viário de São Sebastião. Estamos aguardando de forma ansiosa, porque o viário municipal depende desse projeto.”
Ele lembrou que São Sebastião tem acessos ao eixo norte e ao eixo sul, levando às praias da região sul do município, como Maresias, Juquehy e Barra do Una. “Essas ligações dependem do governo do Estado e ainda não foram apresentadas ao município”, disse.
Outro ponto importante, segundo Augusto, é que o projeto também deve considerar o acesso direto de caminhões e carretas ao Porto de São Sebastião, através de uma rodovia classe zero, sem interferência com o viário municipal. As ruas e avenidas da cidade, que tem áreas tombadas pelo patrimônio histórico estadual, não comportam tráfego pesado. Ele também defendeu a contratação de mão de obra especializada de São Sebastião para as obras. “Por enquanto, só foi contratada mão de obra de Caraguatatuba”, disse.
O empresário Gilvan José da Silva, operador portuário há mais de vinte anos, disse que apenas melhorar o acesso ao porto pode não bastar. “É preciso transformar a área norte do município em área retroportuária, de forma que as carretas façam a carga e descarga sem entrar na cidade.” A falta de uma malha logística trava a expansão do porto, segundo ele. “Entre carga e descarga, um navio movimenta 280 carretas e o projeto de expansão do porto prevê atender até oito navios no porto. É importante a chegada da rodovia, mas precisa pensar também nos retroportos e centros de logística, pois a área atual do porto não vai comportar toda a expansão prevista.”
Duplicação será entregue em fevereiro de 2022
A duplicação total da Rodovia dos Tamoios será entregue em fevereiro de 2022, dez anos após o início das obras. A estrada tem 82 km de extensão, mas o trecho mais longo, de 50 km, levou pouco mais de dois anos para ser duplicado. O desafio maior foi construir a segunda pista no trecho de 22 km em que a rodovia transpõe a Serra do Mar.
Foi necessária a construção de 12,6 km de túneis, um deles o maior túnel rodoviário do País, com 5,5 km. A nova pista será utilizada para a subida do litoral para o planalto, com a descida acontecendo pela estrada já existente. Segundo a concessionária, a rodovia está 95% concluída.
A Tamoios liga São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e Caraguatatuba, no litoral norte, dando acesso também ao Porto de São Sebastião. A duplicação facilita a chegada de turistas às praias das duas cidades e de Ilhabela. A rodovia começou a ser duplicada em maio de 2012, pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). O trecho do planalto foi concluído em 2014, ao custo de R$ 672,4 milhões.
A duplicação da serra, entre o km 60,45 e o km 82, teve o edital lançado em 2014, mas só começou em 2015. A previsão inicial era de que a obra ficasse pronta em abril de 2020. O projeto previa 12,6 km de túneis e 2,5 km de viadutos, a um custo de R$ 2,9 bilhões. Pela complexidade, a obra foi comparada à pista descendente da Rodovia dos Imigrantes. As obras ficaram a cargo da Concessionária Tamoios, que assumiu a rodovia em abril de 2015. Em agosto de 2018, foi liberado o primeiro trecho duplicado de 4 km na serra.
Fonte: Estadão