Internações, exames, cirurgias e consultas integram um sem-fim de atividades diárias do SUS sob responsabilidade dos gestores públicos, que devem zelar pela qualidade do serviço e pelo uso racional de recursos. Essas tarefas tornaram-se mais desafiadoras e dinâmicas na pandemia de COVID-19.
No final de 2019, quando o novo coronavírus surgiu, sabíamos que o impacto aqui seria questão de “quando” e “quanto”. Todo o planejamento para 2020 precisou ser adaptado para salvarmos vidas na maior crise de saúde pública da história. Precisamos ser mais ágeis e eficientes.
Partimos de um panorama pré-pandêmico que previa ações para o ano passado que incluía a entrega de novos hospitais e ambulatórios, como os de Bebedouro, Bauru, Caraguatatuba, Suzano e Campinas. Redirecionamos nossos passos, pois jamais deixaríamos nosso desejo de entregar novas estruturas suplantar o dever de proteger a população. Assim, os investimentos nestas obras físicas foram redirecionados em caráter emergencial para transformá-las em hospitais de campanha e chegamos a 16 serviços do tipo na pandemia.
Ao passo que as obras ganharam outro ritmo naquele momento, a assistência à população mais que dobrou. Um exemplo é o Hospital Emílio Ribas, cujas obras foram reprogramadas, mas iniciativas de inovação em gestão permitiram que os leitos de UTI quase triplicassem.
Trabalhamos na criação de 8 mil leitos extras de UTI, compra e distribuição de 4 mil respiradores, remédios para intubação, equipamentos de proteção para profissionais de saúde, testes diagnósticos, seringas e 4 milhões de doses extras de Coronavac para avançar na campanha a despeito dos descompassos do Ministério da Saúde. Mobilizamos a iniciativa privada e conseguimos reunir R$ 180 milhões para a construção de uma fábrica de vacinas do Instituto Butantan. Estes e outros recursos foram impactantes e ficam como legado. Tudo exigiu alta capacidade de organização, articulação, inovação e gestão, bem como horas a fio de trabalho dos gestores.
O Governo João Doria, que foi do outro lado do mundo atrás de uma vacina, registrou o maior gasto em Saúde da última década, chegando a R$ 28,7 bilhões em 2020. O valor é 7,5% maior que os gastos com Saúde realizados em 2018, que teve R$ 26,7 bilhões em valores já corrigidos pelo IPCA. Agora, sem descansar avançamos na retomada, com mais de R$ 4 bilhões previstos para finalização de hospitais em construção, ampliação de programas e repasses a hospitais municipais, Santas Casas e entidades filantrópicas.
Os dados mostram que aprendemos a nos reinventar e agregaremos este conhecimento para seguir ofertando prevenção, diagnóstico e tratamento à população. Um benefício que ficará para todos.
Jean Gorinchteyn, é médico infectologista e Secretário de Estado da Saúde de São Paulo