A insegurança alimentar é um conceito que diz respeito à situação na qual a população de um determinado local não possui acesso físico e econômico a recursos alimentícios o suficiente para que suas necessidades sejam supridas. No Brasil, o número de pessoas que encontram-se em tal circunstância é, infelizmente, alarmante. Portanto, é vital que medidas interventivas sejam tomadas com urgência, pois, caso o contrário, o país poderá voltar ao Mapa da Fome – do qual fazia parte até o ano de 2014.
Como exemplo da realidade enfrentada por muitos em 2020, – ano em que mais de 19 milhões de pessoas passaram fome no Brasil – pode ser citado o documentário “Ilha das Flores”, dirigido, em 1989, por Jorge Furtado. Por meio de uma narrativa simples, o curta demonstra como o sistema de produção capitalista atual é capaz de provocar condições desumanas àqueles menos economicamente favorecidos, deixando-os em um estado de vulnerabilidade social tão grande que, em uma tentativa desesperada de acabar com o sofrimento, submetem-se a comer lixo. Ainda dentro desse contexto, vale ressaltar que, apesar de não ser tão divulgado quanto o meio urbano, o cenário na zona rural não é melhor. De acordo com dados coletados pelo IBGE entre 2017 e 2018, quase metade das famílias que residem no campo convivem com a insegurança alimentar – fato que somente agravou-se nos anos posteriores à (quase) extinção do Programa de Aquisição de Alimentos e do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Sendo assim, para que essa onda de retrocesso seja revertida e o Brasil passe a fazer jus ao pensamento positivista estampado na bandeira – que, por sua vez, visa o progresso –, é necessário que o governo federal volte a implantar políticas sociais eficientes, procurando prestar auxílio às mais variadas partes do país. No campo, seria de extrema importância que os pequenos agricultores recebessem apoio e financiamento, pois, dessa forma, seria possível dar espaço a um sistema alimentar mais curto, incentivando o consumo de produtos locais e eliminando a primazia da grande indústria. Por fim, para que “Ilha das Flores” passe ser uma realidade vista somente em filmes e livros de história, não pode faltar esperança.