Seis barcos da classe dos Clássicos já estão confirmados na 48ª Semana de Vela de Ilhabela, que acontece entre os dias 24 e 31 de julho com sede no Yacht Club de Ilhabela, litoral norte de São Paulo.
Os barcos das antigas prometem um desfile de saudosismo e muita disputa no Canal de São Sebastião e no mar de Ilhabela.
Já estão confirmados o Atrevida, barco quase centenário, construído em 1923, o Ariés III, de 1970, o Pepe XIX, uma classe Brasil de 1960, o Kameha Meha de 1970 e o Criloa de 1973.
O Atrevida é um Palhabote (Schooner Eng.), construído em Bristol, nos Estados Unidos, Race Auxiliar Schooner, barco para regatas. O barco veio para o Brasil em 1946, comprado por Jorge Bhering de Mattos Comodoro do Iate Clube do Rio de Janeiro. Em 1954 vendeu para José de Castro Fontoura, guardião do barco por 38 anos.
Em 2012, Átila Bohm e sua equipe implementaram o plano vélico original: “Durante a década de 20 o barco sofreu redução no plano vélico na tentativa de reduzir a tripulação, eram 20 tripulantes para regatas e mínimo 15 para passear. Em 1946 o Atrevida veio para o Rio de Janeiro iniciando período como barco de cruzeiro, o plano vélico foi reduzido novamente para ser manobrado por 10 tripulantes. Quando iniciei o trabalho aqui precisávamos de cinco para tocar o barco em cruzeiro sem manobras de regata. Na reforma de 2012 foi implantado o plano vélico original, equipamentos de última geração, os controladores de frequência proporcionaram a otimização da demanda energética e um pacote hidráulico para 13 molinetes, fizemos um layout do convés muito simplificado o resultado foi uma redução drástica na tripulação. Hoje corremos regatas barla-sota com 13 tripulantes e regatas de longo curso com cinco tripulantes, fazemos as viagens com 4 tripulantes”, disse Átila, que com o veleiro venceu a Refeno (Recife – Fernando de Noronha), a maior regata em distância do país na classe RGS.
Atualmente, Atila Bohm é o skipper do barco que fica baseado em Ilhabela. Com ele, o clássico veleiro já disputou diversas regatas, algumas no Caribe, outras em Punta del Este, no Uruguai, e desde 2014 disputa a Semana de Vela de Ilhabela. Por conta da pandemia, o barco não disputa regatas desde 2019 e vai voltar à raia: “O barco está pronto para qualquer programa. Recentemente tiramos água para revisão e pintura. Vamos fazer um treino antes da primeira regata e estaremos prontos para as regatas entre boias. A nossa tripulação é composta de velejadores experientes. A manobra de um barco de 95’ e 85 toneladas não é simples, as tensões são altas, os tripulantes são treinados para lidar com isto.” Sobre os objetivos de título em Ilhabela, Átila tem os pés no chão: “Gostamos de vencer, mas antes disto velejar em um barco de quase 100 anos e uma experiência incrível.”
Outro barco na disputa será o Criloa, que recentemente esteve na raia da 1ª etapa da Copa Mitsubishi, também em Ilhabela, na classe BRA-RGS.
O modelo é um Impala 35 pés com casco de fibra de vidro. Concebido pelos renomados projetistas navais americanos Sparkman & Stephens e construído em 1973 em Castiglione della Pescaia, na Itália.
O barco foi marcado em 1976 ao disputar a Cape to Rio (Cidade do Cabo para Rio de Janeiro) com uma tripulação totalmente feminina.
Proprietária desde 2017, a carioca Carina Joana comenta sobre o veleiro: “Construído com grande maestria e numa era de transição da madeira para uma nova tecnologia, a fibra de vidro, seu casco tem uma robustez admirável e excelência incontestável de seus metais, ferragens e estruturas essenciais. O conjunto todo dá uma grande segurança em sua classe”, diz Carina que mantém as tradições e terá uma tripulação totalmente feminina baseado no projeto Voa Criloa para a disputa da Semana de Vela de Ilhabela onde subiram ao pódio logo no ano de estreia com o terceiro lugar geral.
“Não temos uma ancoragem fixa, no momento transitamos entre Ilhabela, Paraty e Ilha Grande”, diz Carina Joana, que mora no veleiro: “O barco é minha única casa. E está sendo espaço aberto para o coletivo… que é bastante fluido, às vezes estou sozinha… às vezes tem mais uma ou duas durante dias comigo….. depois viajo e o barco está aberto pra qualquer uma do coletivo usar. Hoje, somos nove mulheres no coletivo”, segue a comandante que comenta sobre a expectativa para a disputa.
“A expectativa para a SVI é de aprimorar nosso velejar das manobras, senso de equipe, integrando a treinando a tripulação. O canal de Ilhabela traz intensidade e os eventos com certeza dão o tom do velejar em Ilhabela.”