Junho é o mês das festas juninas. Mês de comemorar com noites de queijos e vinhos, fondue em família. Sim! Vinho combina com este clima! Tradicionalmente os brasileiros consomem mais vinho no frio, do que em outras épocas do ano.
Geralmente o vinho no Brasil e associado à momentos especiais, para brindar. Tomado em aniversários, festas, etc. Além de algumas famílias com forte tradição europeia, como descendentes de italianos, espanhóis e portugueses, ainda não é uma bebida incluso na cultura e no dia-a-dia dos brasileiros. Entendo, que o valor da bebida também não permite uma popularização fácil. Mesmo assim, existem muitos rótulos por preços acessíveis, que permitem sim, um consumo regular de 1 a 3 garrafas de vinho por semana para a classe média do país.
Durante a pandemia, em 2020 houve aumento significativo do consumo de vinho per capita no Brasil. Então, a bebida pode sim ser consumida em casa, em jantares e encontros de casais, e para dar aquele “toque especial” no mini evento caseiro. Mas se comparar o consumo de vinho no Brasil com outros países, ficamos lá embaixo.
Os portugueses consumem cerca de 58 litros por pessoa, por ano, e fica na frente de outras grandes nações como Itália, França e Estados Unidos. No Brasil finalmente, passamos a marca de 2,7 litros por pessoa, por ano.
E quais vinhos o brasileiro gosta de tomar?
O levantamento da Ideal Consulting do ano passado aponta que o consumo de vinho de mesa nacional teve um incremento de 44%. Já os importados cresceram 22% nas vendas. Os tintos lideram a preferência dos brasileiros com 74%; seguido pelos vinhos brancos (19%) e rosés (7%) – que cresceram 35% neste ano.
Brasil tem ótimos produtores
Como em muitos outros países, os impostos em cima do produto não permitem uma boa comercialização entre os estados. Alguns estados entenderam esta dificuldade e retiraram os obstáculos tributários (ICMS-ST) do produto, como São Paulo e Bahia, entre outros. Mesmo assim, o mercado nacional está consumindo mais espumantes nacionais, do que outros tipos de vinhos. E existem excelentes vinícolas brasileiras – também fora da região da Serra Gaúcha, dominado pela Casa Valduga, Miolo e outros bem conhecidos. Temos vinícolas menores como as familiares como Guaspari em São Paulo, Luiz Porto no Sul de Minas Gerais, entre vários outros. Até no Vale do Rio São Francisco estão recomeçando o cultivo de vinhos finos secos.
Outra curiosidade que passou quase despercebida nas notícias de 2020, foi que o Brasil teve a melhor safra das últimas décadas. Então, vinhos nacionais do ano passado, devem chegar no mercado no fim deste ano ou depois. Serão excelentes produtos! Veremos como o comércio vai reagir e precificar. Espero, que a missão de democratizar o vinho prevaleça e não o marketing e lucro à curto prazo!
*Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive hoje em Caraguá, sendo embaixador do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, e Wine Coach na sua empresa Marevino. Também administra curso on-line, podcast e faz lives educativas mensais. Atua como consultor independente de negócios.