A pesquisa da Cesta Básica Alimentar é realizada pelo Centro Universitário Módulo e a Faculdade de São Sebastião –FASS, duas instituições do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional,desde janeiro de 2018,nos quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. A pesquisa utiliza metodologia similar à aplicada pelo DIEESE–Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos–em São Paulo para verificar os preços e as variações de 13 produtos básicos de alimentação. O objetivo da pesquisa é identificar a variação dos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica Alimentar nos municípios do Litoral Norte do estado de São Paulo. A coleta de preços é feita mensalmente em 12 supermercados, 3 em cada um dos municípios do Litoral Norte/SP. Resultado no mês (março de 2021) O preço da cesta básica no Litoral Norte/SP cresceu no mês de março, após dois meses consecutivos de baixa. A Tabela 1 indica aumento nos preços da cesta básica nos quatro municípios no mês de março, em relação ao mês de fevereiro. Entre os municípios as variações foram: em Caraguatatuba (0,32%), Ilhabela (+0,79%), São Sebastião (+1,29%) e Ubatuba(+ 0,35%). A média dos preços nos municípios aumentou de R$ 571,19 em fevereiro de 2021 para R$ 575,20, variação de + 0,70%.
A variação positiva nos preços está muito próxima a uma estabilidade, como observado nos primeiros meses de 2021, no entanto os preços dos alimentos ainda estão muito caros. O Gráfico 1 apresenta o preço da cesta básica nos 4 municípios do Litoral Norte e a média em fevereiro de 2021.O preço da cesta básica mais elevado foi registrado no município Ilhabela R$590,08 e o menor preço em Caraguatatuba R$560,20. A diferença entre a cidade que vende a cesta básica mais cara (Ilhabela) em relação a mais barata (Caraguatatuba) foi de 5,33%. O custo de transporte mais elevado e a concorrência menor no setor de supermercados podem explicar o preço mais elevado em Ilhabela.
Dos 13 produtos pesquisado sem março, 11 apresentaram alta nos preços e 2 apresentaram recuo na comparação com os preços do mês de fevereiro, conforme apresentado na Tabela 2. Cabe destacar que a maioria dos produtos tiveram pouca variação, exceto no caso da queda no preço da batata. Os produtos que apresentaram maiores altas foram: farinha de trigo (+6,31%),feijão(+ 5,78%), pão francês (+ 3,98%) e café (+ 3,14%. Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: batata(–18,81%) e banana (–2,46%). A elevação do preço da Farinha de Trigo é consequência do aumento nos custos de produção em 22% em 2020,com alta nos preços nos insumos agrícolas e transporte. Dois terços do trigo consumido no Brasil são importados da Argentina e no país vizinho o correu o aumento nos custos de produção, como no caso brasileiro. Além disso, a Argentina aumentou em 3% a tributação das exportações agrícolas, aumentando o preço do produto na América Latina. O Feijão apresentou alta nos preços em consequência do baixo estoque para o início da safra,da queda na produção da primeira safra 2020/21 e do aumento nos custos de produção são fatores que explicam esse aumento do produto.
O Pão Francês apresentou alta nos preços é consequência da alta no preço da farinha de trigo. Em relação aos produtos que apresentaram queda, destaque para a redução no preço da Batata, consequência do aumento na oferta dos produtos com a chegada de nova safra. Cabe destacar que o preço da batata foi reduzido em fevereiro–14,54%, com a chegada da safra das águas o preço recuou nos meses de fevereiro e março. A queda no preço da banana tem relação com o aumento da oferta e queda na demanda com a redução nas vendas para as escolas e feiras livre sem razão da redução do tempo de funcionamento dessas atividades, consequência das restrições provocadas relacionadas às medidas de contenção da pandemia. .
Resultados nos últimos 12 meses
A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos e variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra,típicas dos produtos agropecuários. A comparação anual, conforme Tabela 3,aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de março de 2021 em comparação março de 2020. O preço da cesta básica aumentou nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+14,04%), Ilhabela (+ 17,70%), São Sebastião (+ 1,49%)e Ubatuba (+13,90).Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA–15), cuja variação nos últimos nos últimos 12 meses (de março 2020 a março de 2021)foide 5,52%. O preço dos alimentos aumentou 3 vezes em relação a inflação oficial, com preços bem acima daqueles praticados no mercado nacional e internacional. O aumento das exportações do setor agropecuário possibilitou o aumento no preço dos alimentos, mesmo em um cenário de queda na demanda, assim com a desvalorização da moeda brasileira em 2020. Conforme a publicação do IBGE do PIB em 2020, o único setor que apresentou crescimento econômico no país foi a agropecuário com alta de 2,0%, enquanto a renda das famílias recuo em 5,5%.
Em janeiro de 2020 foram incluídos os municípios de Ilhabela e São Sebastião, com preços maiores em relação a Caraguatatuba e Ubatuba. Em dezembro de 2020 foi estabelecido o preço médio recorde para os municípios do Litoral Norte. A boa notícia para os consumidores foi a queda no preço médio da cesta nos dois primeiros meses de 2021, após o ano de 2020 com alta recorde. No entanto a alimentação continua com preço muito alto como observado na variação dos últimos 12 meses.