Por May Martins.
No Brasil, as mulheres ainda acumulam a famosa “dupla jornada”: trabalham fora e, quando chegam em casa, assumem tarefas domésticas e cuidados com a família. Dados do IBGE (2023) mostram que as mulheres dedicam, em média, o dobro de horas aos afazeres domésticos em comparação aos homens.
Essa sobrecarga não é apenas física, mas também emocional. Um estudo da ONG Think Olga revelou que mulheres são 25% mais propensas a desenvolver burnout do que homens. Além das pressões do trabalho, ainda recai sobre elas a responsabilidade de manter a casa, o cuidado com os filhos e, muitas vezes, com os idosos da família.
A neurociência comprova que o estresse crônico e a sobrecarga contínua afetam diretamente a produção de cortisol, o hormônio do estresse. Em níveis elevados, o cortisol compromete funções cognitivas como memória, foco e criatividade, além de enfraquecer o sistema imunológico. Estudos da Harvard Medical School e da American Psychological Association apontam que mulheres submetidas a cargas emocionais intensas apresentam maior risco de ansiedade e depressão justamente pela combinação entre pressão social e estresse.
No campo sistêmico, essa carga excessiva pode ser vista como repetições invisíveis: mulheres que carregam o fardo da família, assumem papéis que não são delas ou acreditam que precisam “dar conta de tudo” para serem amadas. Esse padrão, herdado de gerações anteriores, acaba se reproduzindo até que alguém tenha coragem de quebrá-lo.
Mas até quando? O corpo começa a dar sinais — ansiedade, insônia, dores crônicas. A alma grita pedindo uma pausa, mas o medo de decepcionar ou de ser julgada mantém o silêncio.
Autoconhecimento, nesse contexto, é ousar parar. É perceber que pedir ajuda não é fraqueza, mas inteligência. É entender que dizer “não” a certas demandas é dizer “sim” à sua própria vida.
Se cada mulher se autorizasse a pausar, cuidar de si e dividir responsabilidades, não apenas sua saúde melhoraria, mas também as próximas gerações aprenderiam que força não significa sobrecarga.
May Martins é terapeuta, estudiosa do comportamento humano há quase uma década, com a missão de conscientizar sobre inteligência emocional entre o público feminino, com abordagens profundas e olhar integrativo ao ser mulher na sociedade contemporânea. Se deseja saber mais sobre imersões e cursos, acesse o Instagram @maymartin.s ou entre em contato: (11) 98552-5088.