A discussão sobre adultização infantil voltou à tona nas redes sociais após o influenciador Felca relatar publicamente experiências precoces de exposição a conteúdos e comportamentos adultos. Mas, além das situações mais extremas, é preciso falar também sobre as formas sutis — e muitas vezes naturalizadas — de adultizar crianças, como frases aparentemente inofensivas ditas dentro de casa: “e os namoradinhos?”, “já pode casar” ou “é o homem da casa agora”.
Essas falas, embora comuns, podem expor precocemente a criança a papéis e responsabilidades emocionais que não deveria assumir. Para a psicóloga clínica Viviana Madisson, especialista em dessensibilização de traumas, esse tipo de experiência pode gerar impactos emocionais duradouros, que se manifestam na vida adulta como dificuldades de autoestima, excesso de responsabilidade ou ansiedade constante.
Dados recentes da SaferNet Brasil reforçam a urgência de discutir o tema: só entre janeiro e julho de 2025, o Canal Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos recebeu 49.336 denúncias de abuso e exploração sexual infantil, representando 64% do total de 76.997 denúncias no período. Em 19 anos de série histórica, a plataforma já recebeu mais de 4,9 milhões de denúncias, sendo 43,6% relacionadas a imagens de abuso infantil. A banalização da adultização, seja no ambiente doméstico ou digital, contribui para um cenário em que as fronteiras entre infância e maturidade são violadas. Viviana está disponível para entrevistas e pode aprofundar os impactos psicológicos desse fenômeno.
