Maria Angélica de Moura Miranda
Já tinha acabado a série de crônicas sobre a Festa do Padroeiro e meu filho Rafael me perguntou:
─ Você contou a história de quando tocamos o Sino, no dia de Procissão?
Em outros tempos, subíamos no alto da torre da Igreja Matriz para tocar o sino, que era badalado durante toda a procissão.
Essa tarefa, que eu dividia com Waldir Simões, Lauro Orselli e outros, era muito perigosa: subíamos até o campanário por uma escada de madeira toda roída por cupim e coberta de pó e teias de aranha.
As meninas não se interessavam por isso, mas eu ficava apaixonada pela vista privilegiada que tínhamos de lá. Na parte de trás, toda a cidade até a Serra do Mar e na frente víamos as ruas e até os navios descarregando no Terminal. Na saída da Procissão, observávamos as pessoas lá embaixo. Depois, na volta, acontecia o momento mais bonito: o Santo Padroeiro entrando novamente na igreja.
Muitas vezes participei disso. Os sinos tinham uma corda atada no badalo e tocar exigia força. Nessas horas, lá em cima o barulho era muito forte. Um dia, levei meu filho para essa missão, quando era ainda criança, e, nestas férias, ele descreveu corretamente as paredes cobertas com as assinaturas de quem se aventurava e as vigas de madeira que faziam o suporte dos sinos; parecia coisa de Indiana Jones!
Depois esses sinos foram trocados. Atualmente, colocaram equipamentos e o badalo é mecânico. Durante a última reforma, devem ter mudado aquele lugar. Preciso ir até lá para ver como está.
Para quem nunca esteve lá, estas são as fotos que eu tirei, quando a Festa do Padroeiro ainda era feita na Praça do Coreto (observem a localização das barracas). Esses tempos não voltam mais.