Fonte: Hoper Educação
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No dia 8 de março de 1917, uma greve das operárias da indústria têxtil contra a fome e em oposição a Primeira Guerra Mundial na Rússia originou o Dia da Mulher. Não é uma data simples. Pelo contrário, é um momento de reflexão sobre as conquistas das mulheres e sua história de luta contra os preconceitos, a desvalorização, a violência masculina, os salários baixos e as desvantagens na carreira profissional.
No Brasil, somente com a Constituição Federal de 1988, as mulheres tiveram seus direitos de igualdade assegurados por Lei.
Apesar de haver desigualdade de oportunidades entre os gêneros, ela vem gradativamente diminuindo para as mulheres que, com um diploma universitário, têm revolucionado suas vidas: aumento de renda, novas posições no mercado de trabalho, melhoria da autoestima e concretização de um sonho pessoal.
Muitas delas são a primeira pessoa da família com um diploma de curso superior, são conquistas alcançadas pelas mulheres que reconstruíram sua história de vida pela educação no Brasil.
A emancipação intelectual
Se a máquina de lavar foi a maior revolução do século XX no gerenciamento do tempo dispendido pela mulher nas antigas atividades a que ela estava socialmente condicionada, agora, no século XXI, no Brasil, temos um momento único que é a democratização das chances do empoderamento da mulher pelo acesso à Educação Superior permitido pela EaD.
A EaD virou uma ferramenta de emancipação feminina: além da maternidade e dos afazeres domésticos exaustivos atribuídos à mulher, elas conseguiram um novo jeito para se reposicionar socialmente, pela Educação Superior. Este fenômeno recente é a Feminilização da Educação (Roesler, 2023).
Um dos motivos que potencializou a explosão da EaD no país é que ela permitiu às mulheres conciliar o estudo, a vida familiar e o trabalho. A flexibilidade de estudar no seu tempo e no seu local, se tornou a alternativa ideal para as mulheres ascenderem socialmente pela educação. A mulher adquiriu novos conhecimentos, viu a luz, aprendeu e conquistou novas profissões.
É de saltar os olhos a feminilização da educação. A revolução da mulher é sua emancipação por meio da educação. Numa história bem recente, no início do século XX, a mulher não podia frequentar a escola e sua educação era reduzida a prepará-la para demandas domésticas. No século XXI é outro cenário: o de vitória feminina na sua formação universitária.
Indicadores que mostram a Feminilização da educação no Brasil
Os dados do Censo Escolar de 2022, mostram que as mulheres começam em desvantagem no Ensino Fundamental, com 51,6% do total de matrículas de meninos. A estatística muda no ensino médio, com 51,1% do total de matrículas de meninas, e 48,9% de meninos.
Em números absolutos, os dados do Censo Escolar de 2022 apresentam um total de 7.866.695 estudantes no Ensino Médio, sendo 4.020.364 de meninas, e de 3.846.331 meninos.
Paulo Presse (2023), alerta que as mulheres possuem menor distorção de idade-série nas etapas do ensino fundamental e do ensino médio. Significa que a taxa de alunos fora da idade certa no Ensino Médio é de 23,1% de meninos matriculados, com pelo menos um ano de atraso na formação regular, contra 18% no grupo das meninas.
Ao analisar os dados de distorção do ensino médio e por rede de ensino fica mais evidente a distorção de idade-série entre os gêneros. Presse (2023), apresenta no gráfico 2, que na rede pública a taxa de alunos na idade certa é predominada pelas mulheres.
Importante prestar atenção neste dado, pois a maioria dos ingressantes da educação superior advêm da rede pública escolar, e tão logo liderado pelas mulheres.
A liderança das mulheres em direção a Educação Superior tem também uma etapa importante na inscrição e participação do Enem. Na última prova, em 2022, a estatística do MEC revelou que dos 3.396.632 participantes, 61,16% eram mulheres e 38,84% de homens.
Outra estatística importante a ser considerada é como a mulher está se preparando para exercer uma profissão. Ainda jovens, a partir dos 20 anos, a liderança é delas, com uma diferença de saltar aos olhos nos cursos técnicos profissionalizantes:
E, finalmente, quando chegamos aos calouros do Educação Superior, a liderança é mais uma vez feminina. O Censo do INEP/MEC mostrou que, em 2021, entraram 3,9 milhões de alunos, sendo destes 2.317.277 de mulheres, representando 58,7% dos ingressantes.
O INEP acompanha ano a ano o “vínculo docente”, que mostra o perfil preponderante dos alunos, tanto no ensino presencial quanto na EaD. No presencial a faixa dos calouros tem se mantido constante entre os 18 aos 19 anos ao longo do tempo.
Na EaD, ela vem declinando rapidamente. Ficou na faixa dos 30 anos entre 2005 e 2015. Caiu para 27 anos em 2016, e logo em seguida baixou mais ainda, estando agora no último censo na faixa dos 20 a 21 anos o indicador, com preponderância feminina.
A estatística do Censo de 2022, confirma o sucesso das mulheres em sua formação superior, pois 61% dos concluintes de um curso superior são mulheres e de 39% de homens. Elas estão liderando nas conclusões de curso em quase todas as áreas.
As mulheres lideram na educação (77,9%), em Saúde e bem-estar (73,3%), em Ciências sociais, comunicação e informação (72%), Artes e humanidades (56,7%), Serviços (54,8%), Ciências naturais, matemática e estatística (53,7%), Agricultura, silvicultura, pesca e veterinária (51,8%).
Ainda não lideram as áreas de Engenharia, produção e construção, 36,0% mulheres e 64,0%, homens; e na área de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC); 14% são de mulheres e 85,2% de homens.
Como está o mercado de trabalho educacional e as mulheres?
Os dados do Censo do MEC e os dados da Hoper Educação demonstram claramente que a educação básica é conduzida pelas mulheres, 657 mil docentes na educação infantil no Brasil.
São 96,3% de mulheres e 3,7% de homens. A maior concentração de docentes é de mulheres, que iniciam sua carreira jovens, mas que tem uma predominância na faixa etária entre 30 a 49 anos, de acordo com os gráficos 04 e 05:
A liderança feminina não está somente na sala de aula da educação básica, mas também na gestão das escolas, conforme a representação gráfica:
Os dados do MEC e da Hoper, indicam que a maior entrega de produtos educacionais na educação superior é consumido pelas mulheres em ambas as modalidades, principalmente em cursos de licenciatura. Já na educação superior, a gestão nas instituições, é liderada por homens e gradativamente a mulher vem ocupando posições executivas neste nível de ensino.
Porque é estratégico sua IES entender o que está ocorrendo no mercado da educação, a partir destes indicadores?
Não basta conhecer os dados divulgados pelo MEC e as prospectivas da Hoper Educação. É preciso ir além, agir com urgência, inserindo na pauta de planejamento estratégico de sua IES as perguntas centrais:
Por que a EaD explodiu e supera a educação presencial no total de ingressantes e de matrículas da educação superior? O que eu preciso fazer para me recriar e sobreviver em um mercado altamente competitivo?
Acompanhe algumas dicas estratégicas:
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A liderança de matrículas está na EaD. Ela explodiu por sua flexibilidade metodológica, por estar presente em quase todos os municípios brasileiros, com a interiorização da educação superior, nos mais de 20 mil polos em oferta que levaram cursos de graduação nas áreas da saúde, das engenharias e exatas; e na área de humanas. Os alunos não precisam mais gastar com deslocamento para as grandes cidades para obter uma formação universitária.
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O valor mediano de referência da mensalidade EaD em 202 foi de R$ 223,10 e o do presencial de R$ 751,80, ou seja, o preço médio de um curso EaD é 70% mais barato que um curso presencial. Ele atrai os públicos menos favorecidos economicamente, que trabalham e que precisam de flexibilidade de horário e local de estudo.
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Os dados do último ENADE colocaram muitas operações EaD em ciclos insatisfatórios de qualidade. A evasão está alta, sendo que foi de 38% de um ano para outro.
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Fortes marcas nacionais encontram dificuldades na operação. É um alerta de que o aluno entrou e não gostou da experiência que encontrou. Então, seria um caminho entender o que não deu certo e fazer a diferença para destacar a sua marca.
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A oferta da graduação não pode ser mais a mesma. O produto não deveria ser o mesmo. O mercado, em geral, está fazendo a oferta do mesmo produto que teve um sucesso no passado, agora há outra condição de demanda de mercado. E, olha que, não estamos falando de uma inovação com alta tecnologia de ponta e que trariam custos altos para a operação. Estamos falando do básico: de uma experiência que satisfaça os estudantes nos serviços e na sala de aula. De um modelo operacional que atenda aqueles alunos que querem uma educação online ou híbrida.
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A gestão e as equipes têm que ser profissionalizadas com visão sistêmica do negócio educacional e agilidade mercadológica. Não tem jeito, as equipes precisam ter um mindset digital e de mudança com conhecimentos de gestão, de tecnologias, de metodologias e de práticas diferenciadas.
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Tecnologias e metodologias flexíveis. A experiência do aluno requer uma entrega da IES com uma prática flexível, nem presencial e nem EaD, mas que atenda as expectativas. Atenção a cultura digital e o aprendizado na palma da mão. Novas maneiras de aprender e com metodologias de ensino inovadoras, são a preferência desta geração, principalmente numa educação pós-pandemia que traz o ensino híbrido como forte aliado a ruptura das práticas tradicionais de ensino.
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E, por fim, de que maneira sua IES aplica o potencial feminino na gestão da instituição, nesse momento tão ímpar do mercado educacional